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Mostrando postagens de 2021

Além da Barreira das Legendas #12 - Trilogia da Vingança (2002-2005)

O polo sul-coreano de cinema há tempos vêm se consolidando como um dos mais fortes. Recentemente, o filme Parasita fez história no Academy Awards, e consolidou de vez o cinema sul-coreano na cultura pop. Outro filme muito importante, um dos maiores sucessos comerciais do país, é Oldboy - obra-prima de Park Chan-wook, adaptada de um mangá de mesmo nome. Mas sabia que Oldboy faz parte de uma trilogia? A chamada Trilogia da Vingança é composta também por Mr. Vingança (2002) e Lady Vingança (2005). Os três são histórias independentes que giram em torno do mesmo tema, e possuem um elenco quase que rotativo, em uma espécie de "trupe". (Spoilers adiante. Análise sem spoilers disponível no IGTV do @cine.alternativo) (Crédito: Divulgação - Studio Box, CJ Entertainment e Tartan Films) Mr. Vingança é o filme mais político dos três, e o mais cru. Esta palavra, inclusive, o define muito bem - sem muita edição, a maioria dos cortes secos, o longa se destaca pelo trabalho de montagem. A lin

Loki e o fim do mundo

A série Loki, da Marvel Studios, era uma das mais esperadas dentre todas anunciadas pela empresa. O personagem é de longe um dos mais carismáticos da franquia. Loki estreou há um tempo já - na semana em que escrevo acaba de ser lançado o terceiro episódio. Por que falar dessa série só agora? Muitos canais e veículos midiáticos, críticos, fãs, estão comentando os vários detalhes dos episódios; os easter eggs, as teorias, as possibilidades do futuro do MCU, mas nem todos percebem a nuance que gradualmente se constrói no roteiro de Michael Wardron. (Contém spoilers) (Crédito: Divulgação - The Walt Disney Company) Em dado momento, Loki conversa com Mobius. Este guarda uma revista de jet ski, que, diz ele, nunca chegou a usar, mas imagina que seja incrível. Aquela revista o faz se sentir mais motivado a seguir trabalhando na AVT. A conversa então gradualmente se torna em uma discussão sobre quem nos criou e da onde viemos. Mobius - É exatamente a mesma coisa. Porque se pensa muito sobre de

Rocky Horror Picture Show e o gozo

(Crédito: Divulgação - 20th Century Studios) go.zo (ô)  sm . 1 . Ato de gozar; prazer, satisfação. 2 . Posse ou uso dalguma coisa de que advêm satisfação e/ou vantagens. 3 .  Bras . Prazer sexual.  [Pl.:  gozos  (ô).] Precisamos gozar mais. O gozo está muito associado ao ato sexual. Isso vem muito de uma visão pornográfica da realidade, uma visão imaginária e distorcida, na qual o prazer provém da penetração e do poder - uma construção puramente falocêntrica. Há, também, uma heteronormatividade avassaladora, que afeta não somente quem foge à esta "norma", também as próprias pessoas heterossexuais. É uma cultura tóxica que não faz bem à ninguém, ainda que iluda alguns. Hoje em dia há uma busca maior pela desconstrução desses valores, mas em 1973 era diferente, quando Richard O'Brien estreou sua peça Rocky Horror Picture Show no West End, bem como sua adaptação para os cinemas em 1975. A obra de O'Brien fala sobre terror, ficção científica - uma grande homenagem a estes

Review Oscar 2021 (e o futuro do blog)

O texto da semana está dividido em duas partes; a primeira sendo a respeito da cerimônia do Oscar e a segunda avisos importantes. (Imagem retirada de:  https://bit.ly/2R8sJHk ) Aconteceu o Oscar - uma edição um tanto quanto peculiar, com algumas surpresas e muitas confirmações. Os resultados já são bem sabidos: Nomadland foi o grande vencedor da noite, Meu Pai bateu Borat 2 e Nomadland (os mais cotados) e venceu Melhor Roteiro Adaptado e, junto de roteiro, Anthony Hopkins também foi premiado. Talvez a maior surpresa da noite, já que todos apostavam na vitória de Chadwick Boseman. O Som do Silêncio merecidamente ganhou Melhor Som, e não tão merecidamente Melhor Edição; filmes como Os 7 de Chicago e Meu Pai foram muito melhores nesse aspecto. Ainda que com um resultado satisfatório, a energia geral foi baixa. Afinal, como estar feliz diante de tudo que passamos (e estamos passando ainda)? Por outro lado, a temporada trouxe ótimas produções em sua maioria - nenhum Parasita, ainda assim gr

Animações Indicadas ao Oscar 2021

O Academy Awards (Oscar) está quase chegando! Dia 25 de abril acontecerá a tão esperada premiação. Para tanto, eu e meu amigo João Antunes estamos cobrindo os principais indicados no nosso podcast de cinema, Sessão das Onze. Disponível nas plataformas Spotify, Anchor e Google Podcasts. Enquanto isso, aqui no blog, irei trazer um panorama de categorias não tão comentadas, como os curtas-metragens, filmes internacionais, documentários, entre outras. (Crédito: Fotomontagem) E vamos falar da categoria de Melhor Animação. O primeiro nome que vem à mente é Soul, a tão comentada (e maravilhosa) animação da Disney / Pixar. É um filme primoroso e pioneiro: a primeira produção do estúdio com um protagonista afrodescendente, e provavelmente a animação mais adulta da casa do Mickey Mouse até então. Não é o único indicado da edição a abordar esses temas, mas é o que mais trabalha com questões como mortalidade, propósito de vida e espiritualidade. Há algumas semelhanças com Divertida Mente, mas aind

Curtas-Metragens Indicados ao Oscar 2021

Quem nunca apostou em um bolão do Oscar? Seja um valor em dinheiro ou apenas pela brincadeira, é sempre algo divertido de se fazer - costuma-se apostar em categorias maiores, tal qual Filme, Ator, Atriz, Coadjuvantes, Roteiros etc. Antigamente havia as categorias de Mixagem e Edição de Som, cuja diferença era uma incógnita para alguns, mas são duas funções distintas e igualmente importantes. Infelizmente elas foram unificadas, em uma chamada apenas de Melhor Som. É um ótimo exemplo de categorias que sempre são deixadas em segundo plano; ainda assim, as mais subestimadas tipicamente são as de curta-metragem. Curta-Metragem (Live-Action) Documentário de Curta-Metragem Curta-Metragem de Animação O mercado de curtas-metragens é muito rico criativamente, e não deve nada ao dos longas. Há ainda uma ideia de que cineastas iniciam suas carreiras fazendo curtas (por questão de viabilidade), então migram para longas e permanecem por lá, quando na verdade é muito comum a produção de curtas após o

O Som do Silêncio (2020)

Sound of Metal é um nome mais interessante que sua tradução brasileira, O Som do Silêncio. É um filme que conta a história de Ruben (Riz Ahmed, em uma performance brilhante), um baterista de heavy metal que perde a audição, e seu processo de aceitação da nova condição e das mudanças que esta requer. Mas mais que isso, o longa de Darius Marder fala sobre propósito e aceitação da vida. No primeiro momento, Ruben é uma pessoa intensa, "barulhenta", mas um tanto quanto solitária. Ele vive num trailer com sua namorada, Lou (Olivia Cooke), e os dois vivem em constante movimento. Até que algo inesperado acontece e ele perde o propósito de sua vida. A partir do momento em que acontece essa ruptura de mundo, ele precisa se adaptar a uma nova realidade, na qual é preciso ser mais sociável, para conviver em um abrigo com outras pessoas que têm a mesma deficiência, aprender uma língua nova (libras) e encontrar um novo propósito.  O filme separa muito bem os dois momentos, deixando clara

Oscar 2021 e Nomadland (2020)

Arte é um ramo muito amplo, e que se transforma constantemente. Definir o que é arte é difícil. Independente disso, um fator que é, ou deveria ser, um pilar para a arte é proporcionar sensações em quem consome. Desde um filme blockbuster de entretenimento a um filme cult ou "intelectual", se bem feitos, ambos nos fazem sentir algo. E no fim da sessão, saindo da sala de cinema ou no conforto de casa, nós tiramos uma lição, refletimos sobre algo ou, no mínimo, temos uma ou duas horas de diversão momentânea. Ainda assim, é inevitável pensarmos quase que imediatamente nos aspectos técnicos do filme. Uns mais, uns menos - quanto mais assistimos e estudamos cinema, mais detalhistas ficamos. Às vezes tanto que esquecemos de sentir. Filmes como Soul e O Som do Silêncio, além de compartilharem uma premissa semelhante, abordam esse tema. Joe Gardner está tão obstinado na busca pelo seu sonho que acaba não percebendo o quão idealizado é, e o quanto tal idealização afeta seu jeito de ser

Hulk (2003)

Antes dos filmes de super-heróis fazerem parte de Universos Compartilhados e ganharem o mundo, alguns títulos foram essenciais para o fortalecimento do gênero. Blade foi o precursor da nova onda de adaptações dos quadrinhos, que foi consolidada com X-Men – O Filme e Homem-Aranha. Então, diversos personagens ganharam versões cinematográficas, tanto da Marvel quanto da DC Comics – e nem todas foram boas. Hulk  é um desses casos, um filme de um personagem icônico que acabou caindo no esquecimento coletivo. Ainda em seu começo, a Marvel vendeu os direitos do personagem para a Universal Pictures, que em 2003, sob o comando de Ang Lee, lançou o primeiro longa-metragem do Golias Esmeralda. O filme não resultou em uma bilheteria satisfatória (um pouco mais que o orçamento) e teve recepções mistas, com as principais críticas sendo à história e aos efeitos especiais – o longa prioriza o drama à ação, o que o tornou cansativo para alguns espectadores, além da computação gráfica estranha e da tent

VEREDITO: WandaVision (2021)

WandaVision acabou. A série foi extremamente elogiada e foi um divisor de águas, não só para a Marvel, mas para a história da TV... ou será que foi mesmo? Para responder à essa pergunta é inevitável entrar em detalhes, então... (Crédito: Divulgação - The Walt Disney Company) Spoilers de WandaVision e do MCU adiante! Uma coisa é certa: WandaVision deixou o público em êxtase. As redes sociais foram tomadas por memes, teorias, críticas, opiniões (a maioria positivas) em relação à primeira série da Marvel conectada diretamente ao Universo Compartilhado - esqueçam Agents of SHIELD e as séries da Netflix. O novo modelo proposto por Kevin Feige é tão grandioso quanto o MCU em si, e começou com uma série cuja proposta é curiosa: dois grandes personagens dos quadrinhos, que nos filmes atuam mais como coadjuvantes, protagonizando uma série que reconstrói a história das sitcoms. Um tanto quanto ousado, especialmente considerando que o trabalho anterior do estúdio foi Vingadores: Ultimato. Eis que

Mank (2020)

  O roteiro é uma parte essencial do processo audiovisual - não é exagero dizer que sem ele não há filme. Infelizmente, a visibilidade dada aos roteiristas é mínima. Geralmente quem recebe todos méritos é a direção, sendo que na maioria das vezes nem é a mesma pessoa que dirige e escreve. Se fôssemos entrar no mérito de "posse", o filme pertence à produtora, logo o filme não é do diretor, mesmo que este seja responsável por diversas decisões importantes. Nesse contexto tão atual, filmes como Mank se fazem importantes. Escrito por Jack Fincher e dirigido por David Fincher (pai e filho, respectivamente), a história acompanha a vida de Heman J. Mankiewicz, mais conhecido como Mank, um talentoso e excêntrico roteirista que, junto a Orson Welles, foi responsável por dar vida a Cidadão Kane - mas por muito tempo teve sua figura rebaixada diante da figura do diretor. É um dos trabalhos mais pessoais de Fincher, mas ao contrário de Roma - que o motivou a revisitar esse roteiro de seu

Cinema

O primeiro filme que ele viu no cinema foi Procurando Nemo. Desde pequeno o cinema o encantava, e aquilo virou seu objetivo de vida: contar histórias. Costumava elaborar DVDs caseiros inclusive nessa tentativa. Até que começou a escrever, e lá encontrou o seu meio de realiza-lo - seus "argumentos" de criança são um território engraçado de adentrar, cada ideia que tinha... as poesias mais ainda. O tempo passou, virou pré-adolescente, então adolescente, então se formou na escola, e quando viu era hora de tomar uma decisão muito importante. Entrou na faculdade. Aos poucos a vida adulta foi chegando, ele foi se descobrindo, e descobrindo mais essa sua paixão - o cinema. Aquele garoto, que gostava de super-heróis e que passou a assistir a filmes de terror, seu novo gênero preferido, descobriu o drama, e foi Cinema Paradiso que o fez perceber que era aquilo que ele queria para a vida. Mal sabe ele o que está por vir. Mal sabe ele que um dos gêneros que menos gosta vai se tornar seu

Uma Noite em Miami (2020)

  Mais uma edição do Academy Awards está chegando. Muito mais que o Oscar, agora é o período do ano no qual diversos festivais de cinema acontecem, e são inevitáveis os palpites de quais filmes serão indicados e vencedores nos festivais. 2020 foi um ano bastante atípico para a indústria cinematográfica, com diversas produções sendo adiadas em função da pandemia, trazendo uma sensação de desesperança, que foi preenchida com a ascensão do mercado do streaming. Logo, é de se esperar que muitos dos títulos indicados virão de plataformas de streaming, tais quais Netflix, Amazon Prime e Disney +. Um filme muito importante e forte candidato, lançado na Amazon Prime, é Uma Noite em Miami. Uma Noite em Miami acompanha quatro figuras históricas (Malcom X, Jim Brown, Sam Cooke e Muhammad Ali - enquanto ainda se chamava Cassius Clay) que se encontram para comemorar a conquista de Ali do título de campeão mundial. Baseado em uma peça escrita por Kemp Powers, que por sua vez é baseada em fatos reais

WandaVision e o futuro do UCM

  Universos compartilhados vêm ganhando cada vez mais espaço no meio audiovisual. É um formato interessante de narrativa que requer planejamento cuidadoso e bastante atenção aos detalhes, e que ficou popular após o Universo Cinematográfico da Marvel (UCM, ou MCU em inglês) - mérito especialmente de Kevin Feige, presidente da Marvel Studios. Nesse contexto, a Marvel adentra no território das séries e do streaming com um dos títulos mais esperados: WandaVision. Assim como os filmes da produtora, há inúmeras conexões com acontecimentos anteriores e diversos easter eggs. A série acompanha Wanda Maximoff (ou Feiticeira Escarlate) e Visão, que vivem em uma realidade alternativa criada por ela, muito semelhante às sitcoms dos anos 60. Com um tom bastante diferente das demais produções da Marvel, WandaVision inova não só pelo formato mas também pela originalidade - funciona muito bem tanto para espectadores eventuais quanto para espectadores assíduos do UCM. Tecnicamente é impecável, com uma f