Estamos vivendo uma epidemia mundial. O coronavírus está tomando o mundo e afetando as atividades de todos mercados, incluindo o audiovisual. É uma doença que se prolifera facilmente, e que contaminou inclusive Tom Hanks e sua esposa. Em 2006, Bong Joon-ho lançou um filme do gênero "filme de monstro", que dialoga muito com a situação que vivemos no mundo hoje em dia. Minha ideia era comentar sobre outro filme, um filme italiano, mas devido a isso acho importante falarmos sobre O Hospedeiro.
O Hospedeiro (2006)
O Hospedeiro conta a história de Park Gang-du, um vendedor de lanches que vive com seu pai e sua filha. O descarte indevido do lixo tóxico de uma indústria faz com que uma criatura mutante seja criada. Ela emerge do mar e ataca os cidadãos sul-coreanos e turistas, assassinando algumas pessoas e devorando a filha de Park, Hyun-seo; bem como espalhando um vírus mortal. O governo prontamente isola quem teve contato com a criatura, instaurando um clima de pânico generalizado. Gang-du, seu pai e seus dois irmãos são levados para a quarentena para serem investigados, até receberem uma ligação de Hyun-seo, que está viva. A família então foge e parte em busca da garota, enquanto o mundo lida com as consequências do vírus e busca maneiras de exterminar a criatura.
(ALERTA SPOILERS)
Considerando o gênero que faz parte, O Hospedeiro é um filme bastante diferente, e isso é ótimo. Não sou grande fã de filmes de monstro, mas adoro o trabalho de Bong, e ele entrega um produto no mínimo surpreendente. Há uma forte crítica social, e especialmente ambiental, implícita no roteiro, que pode passar batido para alguns espectadores, mas está lá. A impressão que tive, entretanto, é que tais questionamentos poderiam ter sido mais explorados. Há um sentimento evidente de antiamericanismo, mas que em nenhum momento se torna algo gratuito. Os impactos sociais do vírus, entretanto, acabam ficando em segundo plano ao meu ver, e só ganham destaque no final, quando há a passeata. Mas é um roteiro muito bem escrito ainda assim.
A criatura tem um design bem interessante, e apesar de os efeitos especiais serem visíveis às vezes, não é algo que interfira na experiência. A maneira que Bong a trabalha na história é muito inteligente também. Ela não é necessariamente a principal culpada pela pandemia, então ao mesmo tempo que sentimos pavor, sentimos pena. Ela só está existindo. Em alguns momentos me remeteu a um King Kong moderno, especialmente no final. Mesmo com esses questionamentos, o filme é bastante eficiente em trazer o clima clássico de filme de monstro, e para isso, as atuações são bastante exageradas, intencionalmente. Quase teatrais. Destaque para Song Kang-ho, ator recorrente dos filmes de Joon-ho e talvez um dos mais talentosos atores sul-coreanos de sua geração.
As atuações exageradas dão um tom tragicômico maravilhoso para o filme. (Crédito: Divulgação - Chungeorahm Film / Sego Entertainment)
A trilha sonora não se destaca muito na minha opinião, mas é bastante dinâmica, e ajuda a construir a atmosfera caótica e paranóica que o mundo está vivendo. E é impossível não fazer um paralelo com a nossa realidade em 2020, basta desconsiderar a criatura marinha e substituir o vírus pelo coronavírus. Medidas de segurança são fundamentais, assim como cuidados de higiene, mas até que ponto a precaução vira paranoia?
NOTA: 6,5 / 10
Comentários
Postar um comentário