Pular para o conteúdo principal

Sinédoque, Nova York (2008)


Um filme intenso e um tanto confuso dirigido por Charlie Kaufman, o mesmo diretor do recente Anomalisa. Conta a história de Caden Cotard, um diretor de teatro frustrado cuja esposa, artista plástica, deixa-o, levando junto sua filha. Então, Caden ganha um prêmio pela criatividade e, para fazer jus, resolve fazer sua primeira peça própria. Reúne um grupo de atores para representar exatamente sua vida. Só que esse projeto acaba se misturando com a própria vida de Cotard, ao passo que ele envelhece e coisas acontecem que o alteram para sempre.

Sinédoque é um filme interessante e, de certo ponto, um pouco perturbador. Com um roteiro enigmático e um tanto confuso de vez em quando, Kaufman acaba por fazer um filme muito qualificado, com momentos únicos e memoráveis. Para mim, a trajetória de Olive, filha de Caden, é uma história que beira ao perturbador, especialmente pela atuação soberba de Phillip Seymour Hoffman e Robin Weigert (o último momento deles, no hospital, é espantoso).

A trilha sonora não se destaca muito, mas é eficiente em conduzir o público pela vida de Cotard, acentuando os momentos clímax. O filme tem uma longa duração, um pouco mais de duas horas. Apesar de ser um pouco arrastado em alguns momentos, todo esse tempo é importante para a construção da história proposta por Charlie Kaufman. Sinédoque, Nova York é um longa-metragem que deve ser assistido ao menos duas vezes, pois é um filme rico em elementos simbólicos, que podem passar batidos na primeira vez que que se assiste.



Trailer original


A cena mais intensa do filme (ALERTA SPOILERS)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Thunderbolts* salvou minha vida

Nunca achei que diria isso, mas obrigada, Marvel Studios. Thunderbolts* (destaque para o asterisco, é essencial), bem resumidamente, traz figuras em segundo plano no grande espectro do MCU se unindo e formando uma equipe improvável, de anti-heróis e vigilantes com um passado conturbado e que, sem exceção, lidam com problemas familiares, pessoais e de saúde mental. Na verdade, é um filme sobre saúde mental, vindo da Marvel Studios. Coisa que nem no cenário mais otimista imaginaria, especialmente vindo após o horror que foi Capitão Falcão vs Harrison Ford Vermelho (desculpa, Sam Wilson, torço que você tenha um arco de redenção no futuro com filmes melhores). Dessa maneira, eu, muito mais alinhada ao DCU do James Gunn ultimamente, e cética com o trabalho da Disney com esse multiverso compartilhado, decido assistir à nova produção capitalista da Marvel Studios. E quem diria... mudou minha vida? Crédito: Divulgação - The Walt Disney Company (Alerta de spoilers) Entremos no filme. Como retra...

Além da Barreira das Legendas #0 - Martyrs (2008)

Martys é um dos meus filmes preferidos, e meu roteiro preferido (irei explicar os motivos), então, por mais irônico que seja, é sempre um prazer para mim falar sobre o filme. Para começar a falar de Martyrs, preciso falar sobre o movimento chamado New French Extremity. Foi um movimento especialmente predominante na passagem do século XX para o século XXI, e teve como principais expoentes filmes como Irreversível, A Invasora, Em Minha Pele, Alta Tensão, A Fronteira e Martyrs. A concepção do movimento era trazer uma sensação de perturbação ao espectador, trazendo cenas de violência extrema aliadas a um conteúdo transgressor e seco, às vezes niilista. O longa traz perfeitamente essa abordagem. A história gira em torno das amigas Lucie e Anna. Lucie foi capturada quando pequena por uma seita e viveu em cativeiro por alguns anos, sofrendo constantes abusos e torturas. Um dia ela escapa, e vai parar em um orfanato. Ela é completamente antissocial e autodestrutiva, e tem como única ami...

Revisitando Filmes #1: O Pacto (2001)

2023 tem sido até então o ano mais desafiador da minha vida. 2022 e 2023, mas em particular 2023. Me perdi e me encontrei inúmeras vezes, tanta coisa aconteceu - inúmeros giros em 360º e plot twists, surpresas boas, situações inesperadas, momentos complicados... Nesse contexto, decidi reassistir a alguns filmes importantes para mim, meus filmes de cabeceira. Comecei com O Pacto (mais conhecido como Suicide Club), e não podia ter feito escolha melhor. Inicialmente estava um pouco receosa dado a temática e o conteúdo forte (e gráfico em alguns momentos), mas botei o DVD e encarei a experiência. Já fiz uma análise mais aprofundada desse filme tempos atrás, no quadro Além da Barreira das Legendas, então esse texto é um comentário atual e transcrições de sentimentos e impressões de modo geral. (Crédito: Divulgação - Omega Pictures) (Alerta de gatilho, dado ao tema, e spoilers) A primeira impressão que fica é relativa à temática. Suicídio é um tópico muito sensível, especialmente para o Japã...